De moto cheguei em Malloula na Siria Deixe um comentário / Blog / Por Rodrigo Fiuza Chego em Malloula na Siria em uma pequena moto 125cc Palmyra e Maaloula: Redescobrindo a Alma da Síria Sobre Duas Rodas Cruzar o Oriente Médio de moto sempre foi um sonho, mas passar por Palmyra e Maaloula foi como atravessar o tempo e a alma da Síria. A estrada que me levou a essas cidades históricas parecia carregada de significados, como se cada quilômetro guardasse histórias antigas, sussurrando através do vento que batia no capacete. Ao me aproximar de Palmyra, o deserto se estendia até o horizonte, vasto e solitário. A primeira visão das ruínas, que emergem no meio dessa imensidão, é de tirar o fôlego. É impossível não se sentir pequeno diante da grandiosidade dos templos e das colunas que resistem ao tempo e às guerras . Montado na minha moto, cercado por aquele cenário épico, senti como se estivesse cruzando o mesmo caminho que caravanas fizeram há séculos, ligando o Oriente ao Ocidente. Palmyra é uma cidade que fala através de suas ruínas. Cada pedra, cada arco guarda vestígios de um império que foi destruído, mas cuja alma permanece viva. Eu caminhei entre as ruínas, imaginando o esplendor que já habitou ali, e o silêncio era quase ensurdecedor. Não era o vazio, mas a sensação de que o passado ainda vive, aguardando para contar suas histórias a quem souber ouvir. Após explorar as ruínas, tive a chance de vivenciar algo que tornou essa travessia ainda mais autêntica: a hospitalidade de uma família beduína nômade, que me acolheu em sua tenda no coração do deserto. Dentro de sua tenda, saboreei o chá quente e me deixei levar pelas histórias que contavam sobre sua vida errante, suas tradições e sua ligação profunda com a terra. Ali, a simplicidade da vida nômade me trouxe uma sensação de liberdade ainda maior. A conexão com aquelas pessoas, com sua sabedoria ancestral, me mostrou que a vida no deserto é tanto um desafio quanto uma celebração de resiliência. De Palmyra, segui em direção a Maaloula, uma pequena vila encravada nas montanhas. Se Palmyra é um lembrete da grandiosidade do passado, Maaloula é um refúgio de espiritualidade. Ao chegar, fui recebido pela simplicidade e pelo charme das construções, com suas casas de pedra abraçando a encosta. A sensação aqui era completamente diferente: uma tranquilidade quase mística. Maaloula é um dos poucos lugares no mundo onde ainda se fala o aramaico, a língua de Cristo. Caminhando pelas ruelas estreitas, entre igrejas e mosteiros antigos, a conexão com o sagrado é palpável. É como se o tempo tivesse desacelerado ali, preservando tradições que, no resto do mundo, há muito se perderam. Pilotar por esses dois lugares foi mais do que uma aventura. Foi uma viagem pela história, pela fé e pela resistência de um povo que continua a viver, a se reerguer e a preservar suas raízes. Palmyra, Maaloula e a tenda beduína no deserto são testemunhos de uma Síria que, apesar das adversidades, mantém sua alma intacta. Quando subi na moto para continuar minha jornada, carregava comigo a certeza de que essas paradas não foram apenas geográficas. Foram momentos em que a alma se enriqueceu, se conectou com algo muito maior do que qualquer destino.